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Como Sampaoli deve escalar o Flamengo? Comentaristas opinam

A chegada de Jorge Sampaoli ao Flamengo gera expectativa no torcedor rubro-negro. Apesar da vitória na estreia do Brasileiro, a equipe vem de uma temporada instável, ainda sem títulos, e precisa reverter a desvantagem na Copa do Brasil e vencer na Libertadores após derrota para o Aucas. Por isso, o treinador precisará mostrar trabalho imediato. Mas como isso será feito? Os nossos comentaristas opinam sobre como o argentino comandará o time.

  • O principal para a torcida do Flamengo é saber que o time vai voltar a ter construção com posse de bola – e não querer explorar espaço vazio, como foi na gestão do Vitor Pereira. Os times do Sampaoli costumam ter como base os esquemas 4-3-3 ou 4-2-3-1, usando também jogadores de velocidade pelos lados, carência do elenco do Flamengo – disse o comentarista Marcelo Raed, que ainda comparou:
  • Diria que o Flamengo vai ter um padrão de jogo muito parecido com o que foi o Brasil do Tite para a última Copa: posse de bola, dois zagueiros construtores, laterais pelo meio auxiliando o volante, e 5 jogadores de ataque na última linha – concluiu Raed.

Conhecido pelo caráter de jogo ofensivo, Sampaoli terá um desafio inicial que é ajustar a defesa do Flamengo. Em 2023, o time tem uma média superior de um gol sofrido por jogo: são 21 jogos e 22 bolas na rede. O antecessor Vítor Pereira implementou o esquema com três zagueiros – algo que já foi utilizado pelo argentino em outros trabalhos.

  • Ayrton Lucas deve ter mais liberdade para apoiar e se juntando ao ponta esquerda para interações. Por isso, imagino Cebolinha como titular do time, o ponta que traz para dentro e oferece corredor para o lateral agudo. Bruno Henrique também pode fazer, mas o Everton larga na frente pela questão física – opinou o comentarista Henrique Fernandes.

Papel de Gerson e a construção ofensiva
Uma das principais dúvidas é Gerson. Os dois trabalharam juntos no Olympique de Marseille.

  • Vejo utilizando o Gerson como um segundo homem de meio, muito mais para poder acomodar os demais jogadores do grupo. No Olympique de 21/22 ele fazia muito esse papel, mas partia de um posicionamento mais a esquerda. Acho que para ter Arrascaeta acomodado ali ao lado, ele vai partir da direita pra dentro – detalhou Henrique.

Além do papel do camisa 20 do Flamengo, Marcelo Raed apontou também a necessidade de um encaixe no ataque, que deve ir se alterando conforme o tempo de trabalho:

  • Em um primeiro momento, tentando pensar com os trabalhos apresentados pelo Sampaoli, diria que Arrascaeta e Pedro tendem a disputar uma vaga no time. E Bruno Henrique e Cebolinha disputarão o lado esquerdo do ataque. No Olympique ele usou bastante o Payet, seu principal meia, como um 9, abrindo os atacantes pelas pontas. Podemos pensar na utilização do Arrascaeta nessa função, deixando o Gabigol pela direita. O problema é que o Pedro não tem a característica de fazer o lado do campo.

Nesse mesmo aspecto ofensivo, Henrique Fernandes analisa de outra forma:

  • Na frente, ele vai tentar ajustar Gabigol e Pedro. Como é time de posse e volume e de pressão pós-perda ajustada, não vejo um problema grande para Gabigol cobrir o lado direito. Ele mesmo vai perceber que vai precisar baixar metros no campo poucas vezes e apenas em alguns jogos. Pedro vai como centroavante com certeza. Apesar de Sampaoli ter o histórico de centroavantes com mais mobilidade, a fase técnica dele falará mais alto e ele deve ser mantido no time.
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Reforços e gestão do elenco
Outro tópico relacionado a Sampaoli é sempre a gestão do elenco e a pedida por reforços. Sobre isso, Henrique Fernandes analisa e faz comparativos com base na trajetória recente do treinador no comando do Atlético-MG.

  • Matheus França deve ter uma minutagem interessante, entrando como 3º de meio ou pelas pontas. Outros dois que podem ganhar mais minutagem são Marinho e Vidal, até pela experiência anterior que tiveram juntos. Vidal concorre direto com Gerson na função por dentro. Marinho é opção para a ponta direita na ausência de Gabigol, mas talvez esteja atrás até de Matheus França nessa disputa – disse Henrique, que ainda completou:
  • Sampaoli não abre mão de um goleiro com facilidade em gerar linhas de passe. Por isso, tenho alguma dúvida em relação ao Santos. No Atlético-MG, a primeira grande briga que comprou foi bancando a contratação de Éverson mesmo o clube tendo trazido um goleiro, o Rafael. Eu não duvido ele insistir para trazer um cara da confiança dele nessa janela do meio do ano – concluiu o comentarista.

Plantel montado para outro treinador e falsas promessas: Como foi a passagem no Sevilla?
Antes de assumir o Flamengo, o último clube de Jorge Sampaoli foi o Sevilla, da Espanha. O ge conversou com Fernando Ruiz, jornalista espanhol do Estadio Deportivo, de Sevilha:

  • A verdade é que Sampaoli ficou um pouco de mãos atadas no Sevilla. Quero dizer que ele tinha um elenco feito para outro treinador [Lopetegui]. Não tinha a melhor equipe, nem os jogadores para seu estilo de jogo. Após a Copa do Mundo, teve uma boa série de resultados, mas fez coisas muito estranhas nas escalações e acabou perdendo o crédito no vestiário – iniciou Fernando explicando de forma geral o desempenho do treinador.

Sampaoli iniciou sua segunda passagem pelo Sevilla em outubro de 2022. Antes disso, já havia treinado o clube entre 2016 e 2017. Desta vez, Jorge sucedeu os mais de três anos de trabalho do espanhol Julen Lopetegui e, com isso, o argentino teve que trabalhar com todo elenco estruturado por outro treinador – algo que também acontecerá no Flamengo.

Improvisações que custaram caro
Depois de bons resultados após a Copa do Mundo, com uma sequência de 5 vitórias, um empate e apenas uma derrota nos sete jogos seguintes ao Mundial, a situação foi mudando para o treinador. Diante de muitas improvisações, os jogadores começaram a demonstrar insatisfação, acusando-o inclusive de confundir o time com as muitas mudanças.

Um desses exemplos foi a manutenção do esquema com três zagueiros, mesmo nem sempre tendo jogadores suficientes. Houve caso de improvisação na posição como Gudelj, que é meio-campista, e Alex Telles, um lateral, como defesas pelo centro.

  • Ele foi criticado pela falta de adaptação aos jogadores que tinha e pela imobilidade do seu sistema de três centrais quando tinha poucos zagueiros. Ele também usou o Rafa Mir, centroavante, na ponta esquerda por um tempo, posição que ele nunca havia ocupado antes – falou Fernando.
    O ápice envolveu Acuña. Enquanto o meia Óliver Torres lia as orientações passadas pelo treinador, o jogador argentino pegou o papel, amassou e jogou no chão. A cena aconteceu após o time levar o terceiro gol na derrota para o Osasuna, por 3 a 2, em partida válida pelo Campeonato Espanhol.
  • Foi a primeira prova de que algo não estava indo bem vestiário. O próprio jogador disse que não tinha as ferramentas e, às vezes, não entendia o que o Sampaoli estava pedindo. No jogo contra o Getafe, o Bono falou isso também, que jogaram com muitos improvisos. Boa parte do vestiário não acreditava na sua ideia e essa foi a chave para a sua demissão – explicou o jornalista.

Apesar da demissão, em Sevilha, Sampaoli não é considerado um dos responsáveis pela temporada abaixo. O clube ocupa apenas a 12° colocação no Campeonato Espanhol, foi eliminado nas quartas de final da Copa do Rei e ficou em 3° lugar no grupo da Liga dos Campeões [Sampaoli assumiu na metade da fase de grupos] e conseguiu herdar a vaga na Liga Europa.

  • Em grande parte, ele concordou para voltar ao Sevilla, porque o clube prometeu a ele que no mercado de transferências eles trariam muitos jogadores para seu estilo, mas no final apenas quatro contratações chegaram. Apesar de tudo, aqui em Sevilha, ele não é considerado o único culpado. A temporada do Sevilha está sendo ruim porque houve um mau planejamento por parte da direção esportiva – concluiu.

Fonte: GloboEsporte

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